quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Bienvenidas a España, chicas!

As malas, preparadas, já só aguardavam o momento de se fazer à estrada. Apenas levavam o necessário para os cinco dias de aventura em solo espanhol. Os destinos estavam marcados. Era altura, então, de os ir conhecer. Uma RoadTrip pela Andaluzia que se adivinhava promissora.

Depois da dormida de quinta-feira no Algarve, em casa da mãe, partimos para Espanha. Nuestros hermanos estavam à espera e nem eu nem a Tatiana e a Sara queríamos tal coisa. Cabia a Sevilha as honras da casa. Ficámos as três muito impressionadas com a cidade e não menos com o primeiro comentário da Tatiana à entrada da mesma: "Claro que há Corte Inglés. Então o Corte Inglés não é Inglês?". Mas a expressão "Parecia um burro a olhar para um palácio" nunca ficaria tão bem entregue como no momento em que conhecemos a Praça de Espanha. Simplesmente magnífica. Quando já ao final da tarde terminámos de percorrer Sevilha de uma ponta a outra, já os pés reclamavam por algum descanso, entrámos no carro. A estadia de sexta-feira era outra. Córdoba.



Don Paula e, acima de tudo, o "Quique" (da recepção do hotel, muy guapo por sinal) aguardavam a nossa chegada, já a noite se tinha instalado. O sábado seria destinado a conhecermos os recantos e encantos de Córdoba. As influências árabes, extensíveis a todas as cidades que visitámos, abrilhantavam os itinerários, uma sensação de médio oriente ali tão próximo. Aproximava-se o final do dia. Chegava portanto a hora de nos fazermos de novo à estrada. Viajámos para Granada ao som de "Harry Potter e a Pedra Filosofal" na voz de Tatiana Albino. Ao mesmo tempo que a leitura animava a condutora, provocava-me no banco de trás uma profunda sensação de sono. Findo o primeiro excerto, já eu abanava a cabeça com os solavancos do carro (à semelhança dos cãezinhos que algumas pessoas insistem colocar no tablier das suas viaturas).


Depois de estacionarmos o carro a 1km do hotel (praxe/cortesia da condutora), ficámos instaladas no Casablanca. A garrafa de Mojito encerrou a noite. A primeira imagem (negativa e menos interessante da cidade) ficou para trás na manhã de domingo quando partimos em busca do lado mais antigo de Granada. E foi nas extremidades que conhecemos Alhambra. Perdemo-nos nas compras a que o irresistível mercado de peças árabes nos convidava. E por falar em convidar, espero que numa das compras que fiz não tenha prometido nada ao vendedor que não pudesse cumprir (basicamente o senhor todo sorridente, claramente de origem muçulmana, disse-me algo completamente indecifrável - quer na língua que usou, quer no sentido - a que eu, dada a sua insistência, disse que sim. Gostamos de aceitar propostas destas que não entendemos ou devemos ter medo? Pelo sim, pelo não, "fugimos" para Málaga e Mijas. Sem piadas.


A estadia dessa noite estava destinada para Tarifa. Tirando o facto de o Hotel Las Margaritas se situar numa zona que no imediato apenas me conseguia sugerir bairro social de cariz mexicano, fomos jantar na parte histórica da cidade, dentro das muralhas. As ruas, estreitas e acolhedoras, faziam lembrar o Bairro Alto em Lisboa. Mas sem tanta gente "alegre", como consequência da nova estação. Jantámos na esplanada de um restaurante italiano, onde na mesa ao nosso lado (a única que sobrava, na verdade) as vozes de outros portugueses ambientavam a pequena praceta. E temos fotos do show da Margaritati! (Tatiana, versão "exótica" espanhola para quem não conhece).

E, num ápice, já era segunda-feira. Despedimo-nos de Tarifa e fomos em busca de Gibraltar. Visitámos o jardim botânico e não vimos os tão anunciados macacos. Com o inconveniente dos câmbios libra/euro e com os valores pouco convidativos, passámos a fronteira e mais uma vez o fast food (uma constante em todo o percurso) estava lá para nos saciar. E mergulhámos no Mediterrâneo. As mãos. Mas já foi reconfortante.


Essa noite estava marcada para o Hotel Los Leones no Puerto de Santa Maria, o melhor de todos definitivamente, um museu em jeito de hospedaria. O que não estava previsto era sairmos as três a correr - sem razão aparente - de um bar quase deserto depois de bebermos mojitos e chupitos. Nós pagámos a conta. Pelo menos uma parte, garantidamente. A outra ficámos sem perceber. Mas não foi o que nos motivou a sair a correr. Mas também não consigo explicar qual terá sido o motivo. Talvez esteja ainda simplesmente confusa.

Terça-feira chegou mais depressa que o desejado. Era altura de seguirmos para Cádiz. Depois do tempo perdido a encontrar lugar para estacionar, considerámos a hipótese de apenas nos cingirmos ao essencial da cidade, por recearmos não haver tempo para muito mais. Foi aí que, mais uma vez, o som familiar da língua materna soou a uns 10metros de distância na praça da catedral e uma simpática família do Porto nos deu os seus bilhetes de autocarro turístico válidos para o resto do dia. Uma abordagem que começou com um simples "Bom dia, podiam tirar-nos uma fotografia?" da nossa parte. Trocámos informações sobre as nossas proveniências (nós Lisboa e eles Porto), momento em que os portuenses fizeram questão não só de mostrar a sua "generosidade" em nos dar os bilhetes como de verbalizar a natureza simpática do gesto. Quando por fim o senhor se sai com um "Nós do Porto só tiramos uma coisa aos Lisboetas..." eu já só adivinhava uma piada futebolística em jeito de conclusão. Mas ele prosseguiu antes que eu pudesse desenvolver o meu raciocínio nesse sentido: "..Fotografias". Bem metida. Agradecemos mais uma vez o gesto e a simpatia ;)


Seguimos por Jerez de la Frontera - já agora se alguém souber onde fica o raio da Cartuxa, diga qualquer coisa (não que nós tenhamos andado vários quilómetros à procura da mesma sem a chegar a encontrar, é só mesmo para saber) - e voltámos ao nosso país com centenas de fotografias que prometem recordar os momentos deixados para trás.

Um fim-de-semana grande muito intenso, 1900 km de carro, fora aqueles que palmilhámos pelos nove destinos traçados, muitas gargalhadas e fotografias. Ainda houve tempo de perder dinheiro achado, de comer paella sem arroz e de ouvir piropos esquisitos como "chicas lindas" (algum português a querer engatar "espanholas"..M-E-D-O.). Já agora, alguém diga aos espanhóis para não arranjarem os monumentos de interesse todos ao mesmo tempo.

P.S.: Eu adorei a viagem. E, acima de tudo, fiquei muito contente por descobrir que os hotéis marcados antecipadamente na net não eram casas de passe, danceterias exóticas ou bares de cavalheiros, como os seus nomes sugeriam.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Girls just want to have fun


O nosso retiro espiritual. O nosso centro de reabilitação invertida. Mais um fim-de-semana destinado às coisas boas da vida: comida, bebida e diversão. Cantorias desafinadas, cultura geral testada a vários níveis e porrada até acabar com eles. E ainda ouve tempo para danças étnicas, luta de rua (mea culpa) e sessões de body painting. E mais: alguém se lembrava do que tínhamos feito no verão passado. Fosse eu a estar no sofá em vez da Sara, hoje era uma mulher descomprometida.


Ah! E momentos de grandioso malabarismo. Momentos onde a minha (comodista) elasticidade é posta à prova (não por muito tempo, é verdade: quem queríamos enganar também?) num jogo que ainda está à espera do dia em que me vai rasgar um tendão. Ou muito me engano ou está para breve. "Tatiana: pé esquerdo no verde, Bekas: pé direito no azul, Sónia: mão esquerda no amarelo, Sara: mão direita no vermelho, Gavi: dentes no verde, Marta: tira o rabo do chão senão perdes". Não consigo. Mas posso continuar a tentar.
P.S.: Não despachámos ninguém no Alentejo. Há é fotos que parecem ter uma pessoa a menos. Só isso.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Guerra Contra a Celulite

Hoje decidi procurar receitas caseiras para pôr um ponto final na celulite que insiste em ficar hospedada nas minhas coxas e no andar de cima.

1º Passo: Motor de busca: como perder celulite num dia. Senti-me com sorte, mas foi falso alarme. E fiquei desanimada. Começou logo com as malditas restrições: chá preto, mate, café e álcool. Onde já se viu? Fora de questão. O café, claro, porque a tensão já é baixa.

2º Passo: Pesquisar receitas caseiras para ajudar a perder celulite. Poderia ter dado certo, não incluíssem ingredientes que só de tentar adivinhar onde se comercializam tiram logo a vontade.

3º Passo: Criar uma receita que criasse a sugestão de uma possível ajuda na luta contra a celulite e partilhá-la. O que começaria desta forma:

"Perca celulite sem deixar de comer" = MITO

Ao que se seguiria as receitas pseudo-milagrosas a la Barba Ruiva:

"Beber muitas infusões"
"Esfregar as zonas críticas com exfoliantes"
"Dar largas à imaginação, fazer uma pasta e colocá-la nas zonas críticas durante 20 min."

E que terminaria com:

"Se gostou deste artigo, vai gostar de: «Mitos da Celulite» , «Intoxicações alimentares e Outras» «Apoio ao Consumidor»"

4º Passo: Deixar de tagarelar e ir para o ginásio. Pode ser que se arranje lá alguma coisa. Mas dá tão mais trabalho :

terça-feira, 31 de agosto de 2010

As Regras de Moscovo

Não olhes para trás. Nunca estás completamente sozinho.
A expressão serve de mote num jogo de espionagem. E nesse jogo, joga-se segundo as Regras de Moscovo. Daniel Silva brinda-nos com um romance irresistível em torno do império de uma nova geração estalinista erigido sob o negócio de armas e das suas perigosas ligações a forças extremistas islâmicas através da venda de armamento. KGB e Al-Qaeda, a conspiração, o terrorismo, um reacender de uma Guerra Fria que desafia o poderio mundial dos EUA. Um povo acorrentado a um passado não muito longínquo. Uma política cinzenta mascarada de democracia e uma denúncia abafada dos media. Não conseguimos viver como um povo normal. E nunca o vamos conseguir.

Dados lançados, os nossos olhos perseguem os passos calculados de Gabriel Allon numa história verdadeiramente intensa onde a personagem de eleição, um marco decisivo dos serviços secretos israelitas, procura combater as investidas do Leste Europeu e as terríveis consequências que poderiam despoletar.

Definitivamente, um dos livros mais interessantes que li até ao momento. Daniel Silva, antigo jornalista e actualmente considerado como um dos melhores escritores norte-americanos da sua geração em literatura de espionagem. Uma boa referência.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Emprego Procura-se

Jovem de 23 anos, licenciada em Ciências da Comunicação, procura emprego na área do Jornalismo, Marketing ou alguma coisa interessante onde possa ser verdadeiramente útil. O que é que a entidade empregadora ganhará com este novo membro na sua empresa? Isso é algo que vai gostar de descobrir.


Num pequeno resumo do meu ser, sou bastante bem-disposta para uma pessoa introvertida, inacreditavelmente comunicativa para uma pessoa reservada e com um sentido de vida curiosamente interessante para alguém como eu. Vou à bola com a matéria desportiva, mas não dispenso temáticas de outras áreas da actualidade que se me afigurem interessantes, porque na verdade o que gosto mesmo é de escrever e trabalhar.


Serei a pessoa mais indicada para ocupar uma função na sua empresa? Acredito piamente que sim, embora considere que o advérbio utilizado já tenha caído em desuso. E certamente que quando enviar o meu curriculum para a sua empresa, procurarei uma abordagem em moldes mais formais. Só para prevenir.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Férias que já lá vão

O calor que tem escalado os termómetros de forma galopante nos últimos dias foi o ponto de partida de mais umas férias (bem) passadas em território algarvio. Da capital de distrito a Tavira, de Vilamoura ao Carvoeiro, vários foram os destinos que contaram com a nossa presença, desde a estadia mais arrojada ao poiso mais irreverente. Os sorrisos e as gargalhadas, imperativos em cada passagem, abrilhantaram os mais diversos cenários numa tela que espero continuar a pintar com vocês vezes sem conta.

Primeiro destino: Ilha de Tavira. Poderia falar da beleza natural deste pedaço de terra propício aos banhos agitados que o levante trouxe enquanto lá estivemos. Ou então, numa visão não tão romântica, poderia falar das colecções de picadas a que fomos sujeitos por parte das melgas que não nos davam descanso desde o entardecer até horas tantas, do calor que vivemos na tenda quando os raios de sol da manhã começavam a espreitar ou do simples facto de a noite lá ter morrido mesmo antes de começar, tal era o vazio de gente. Com o tédio a resvalar para o insuportável, a mudança afigurava-se como certa. E não fizemos por menos.

Segundo destino: Vilamoura. Ou 8 ou 80. Resolvemos então fazer um upgrade e instalarmo-nos num aldeamento turístico em Vilamoura. Mais do que trocar a praia pela piscina, a água fria por banhos quentes, um rude oleado por uma cama confortável, a deserta noite da praia pelos bares e discos agitados da marina: substituímos as conservas pelo marisco. E a isso resolvemos chamar "viver". Os gestos únicos, as fotografias para a posteridade, os tempos mortos evitados com repetidas conversas de escárnio e maldizer privadas... Enfim, todos os condimentos necessários estavam reunidos para fazer destes momentos algo inesquecível.

Terceiro destino: Faro. Com a despedida das meninas, a última semana no Algarve foi passada em casa da mãe. Foi a vez da Festa da Ria Formosa, da Feira do Livro, dos fins de tarde passados na praia até o sol se pôr, do serão de jogos em casa dos amigos, das tostas descomunais à entrada da praia e do restaurante do peixe assado serem palco dos momentos lá passados. Um salto ao Algar Seco para um gelado e um banho de praia refrescaram a passagem e ainda deu tempo para um dia de parque aquático.

Mas com a nova casa em Lisboa cansada de esperar, o regresso já estava mais que anunciado. Com o carro atolado, fizemos-nos à estrada como quem vai para a terra (e ia na realidade, pois foi esta cidade de colinas que me viu nascer), deixando para trás os pensamentos mais veraneantes. Só o calor é que continua a acompanhar-me, agora num caminho bem diferente, o que já o vai tornando intolerável. E falando nesse caminho diferente, está na hora de regressar ao trabalho. Porque não é a escrever que ganho a vida. Mas há-de ser um dia.

Resta-me, em jeito de conclusão, e perdoe-me o sr. Ministro da Economia, concordar com o nosso Presidente da República a respeito das férias cá dentro. Foram umas boas férias. Pode ser que para o ano eu lhe dê razão a si. Meninas, Jamaica ainda está de pé?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Missas, sisos e laços pouco precisos...

O que têm estas questões do título em comum? Absolutamente nada, a não ser mesmo o facto de a sua acção conjunta ter servido para me animar o fim-de-semana passado. E claro, o "animar" empregue na frase acaba por ser largamente sugestivo, mas no sentido em que em nada vai ao encontro daquelas sensações de alegria e felicidade a que estamos propensos a associá-lo no imediato. Ou não me estivesse eu a referir à extracção de um siso incluso. E pronto: é precisamente aqui que o meu discurso calmo e moderado vai ser substituído por uma linguagem directa e que reflecte exactamente aquilo que eu penso sobre sisos.

Epa, os sisos não existem por nenhuma razão em especial. Quando nascem, têm que ser arrancados porque a boca não tem espaço suficiente para eles. Entortam os outros dentes. Provocam dor antes de serem arrancados e depois.Fazem-nos tomar medicamentos e incham-nos a cara (que no meu caso já é bolachuda o suficiente). Porque é que insistem em nascer? Não matam, mas moem tanto que só um rol de asneiras pronunciadas em décibeis acima da média conseguiria expressar.

E abstenho-me de quaisquer outros comentários a este nível. O procedimento foi rápido, o dentista excelente, mas a recuperação de uma pequena cirurgia como esta tem sempre os seus inconvenientes (a propósito, retiro o que disse: digamos que não fiquei inchada, apenas fiquei com a minha face - já por si com uma estrutura óssea pronunciada - ligeiramente mais saliente).

Mas no meio destas agonias também se descortinam momentos felizes, como o batizado do meu sobrinho no domingo passado. Apesar de estar na expectativa de uma cerimónia de cariz mais pessoal, em família, fiquei surpreendida quando me apercebi que afinal seria incorporado na missa. Boa! O que eu gosto de missas. Ironias à parte, gostaria apenas de fazer um pequeno registo em jeito de esclarecimento: dizem que as pessoas ao domingo, quando vão à missa, vestem a sua melhor melhor roupa, certo? Estou a ver. Isso eu nem sequer questiono. Mas já que vão vestir a que consideram ser a sua melhor roupa, deixo um conselho: tomar um banho antes não fazia mal nenhum.

Por fim, e já só para aqueles que tiveram a paciência de ler este texto até ao fim (o que é notável), dizem que tenho duas irmãs, mas acho que vou ter que averiguar melhor estes laços que nos unem. Eu explico. O contexto é o mesmo: a igreja do batizado. Mas cada uma deu o seu cunho pessoal à situação. A minha irmã mais nova, apesar de apenas ter 14 anos, foi a madrinha. E, depois de assinado o compromisso, o padre perguntou-lhe se, apesar da idade, era crente, se tinha uma vida religiosa, ao que ela prontamente respondeu que não para desespero do membro da igreja. A minha irmã mais velha, com o intuito de remediar a situação, apressou-se a dizer "Ela não tem o crente, mas vai fazer o crente quando tiver 16 anos". Eu também não sei sinceramente em que consiste essa cerimónia religiosa designada por crisma, mas não era preciso isto.